Não me perguntem porquê
ninguém sabe, ninguém crê,
mas é do BURRO que eu gosto.
É animal preferido
entre todos o querido
que vos faz rir, quase aposto.
Não me importo mesmo mada
que achem exagerada
esta minha preferência.
É pra mim um animal
com perfil especial
e com muita inteligência.
Não sei quem o conotou
com estupidez e ficou
para sempre esse estigma.
Se ele pudesse falar
em vez de apenas zurrar
calava língua maligna.
Sua personalidade
impõe-se e, sem vaidade,
só faz aquilo que quer.
Tentem fazê-lo andar
se ele não concordar
só se mexe, se quiser.
Parece manso e passivo
mas quando está no activo
só faz o que lhe apetece.
E se lhe derem pauladas
quase são "favas contadas"
que um coice logo acontece.
Gosto daquele seu jeito
indiferente e escorreito
de caminhar lentamente.
De orelha arrebitada
não é afeito a manada
vai sozinho e segue em frente.
Quanta gente gostaria
de ter tal brio e valia
na nossa governação.
Que só "burros" encontramos
e por muito que façamos
apenas coices nos dão.
E a dúvida continua
a verdade nua e crua
é não sabermos porquê
se chama burros aos burros
se tantos, mesmo com urros,
são "burros" e ninguém vê.
Que os burros nos perdoem
se os políticos não põem
a inteligência em proveito
dos que aos burros, burros chamam,
mas que mamam, mamam, mamam,
sem qualquer norma ou preceito.
Eu continuo a gostar
mais de um burro a zurrar
que político em discurso.
E, entre os dois animais,
é o Homem que faz mais
alguma "figura de urso".
Qualquer dia, em extinção,
só pois na governação
teremos este animal.
Não se acabarão os burros
mas teremos que dar urros
para salvar Portugal.
. NEVOEIRO