.posts recentes

. ...

. ...

. ...

. A Geringonça

. Presépio ao Vivo 2016

. Sr Contente e Sr Feliz

. ...

. NATAL HOJE

. A ÓPERA DOS MALANDROS

. O BRASEADO

.arquivos

. Junho 2022

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Março 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Maio 2014

. Janeiro 2013

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Setembro 2011

. Maio 2011

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Agosto 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Maio 2007

Sexta-feira, 24 de Agosto de 2007

POEMINHO

Do livro "NA ESQUINQ DO VENTO"

 

Era uma vez um ceguinho

que tocava todo o dia

o seu harmónio velhinho.

Tocava, feliz, tocava

ora forte ora baixinho

numa música afinada

ia espalhando carinho.

E toda a gente passava

depressa, devagarinho,

continuava ou parava

para escutar o ceguinho.

Havia caixa pequena

feita em papelão branquinho

postada a seus pés, vazia,

perdida ali no caminho.

Passava gente, passava,

e nada dava ao ceguinho

E ele tocava, tocava,

o seu harmónio velhinho.

Na caixa de papelão

não caía um tostãozinho;

e ele tocava, tocava,

cheio de amor e carinho...

 

Um dia porém, calou-se

este harmónio do ceguinho.

Fez-se um enorme silêncio

no meio do burburinho.

Caído jazia o cego

já no fim do seu caminho.

 

Parou então toda a gente

espantada olhando o velhinho

com o seu harmónio mudo

sobre o peito, tão sózinho...

 

E aquela caixa de esmolas

feita em papelão branquinho

encheu-se nessa manhã

de moedas, num estantinho,

num tilintar musical

em Requiem pelo ceguinho.

 

Oh, estranho mundo o nosso!

Insensível e mesquinho

que assim deixou, sem piedade,

morrer o pobre ceguinho.

 

Passa agora gente, passa

por esse mesmo caminho

onde o cego já não toca

o seu harmónio velhinho

 

Mas grita o remorso, à solta,

no meio do burburinho.

Morreu o cego, morreu.

O MUNDO É MAIS POBREZINHO.


publicado por brizissima às 17:14

link do post | comentar | favorito

3 comentários:
De Cíntia a 25 de Agosto de 2007 às 13:19
Que forte descrição desta nossa sociedade individualista e elitista onde as pessoas não são valorizadas pelo tributo que nos dão mas pelo valor ($) que possuem.
Resta-nos os artistas, que atravez da beleza daquilo que nos transmitem nos fazem "parar o coração" ao reparar nestas injustiças.

Bjs do teu Minho querido


De brizissima a 26 de Agosto de 2007 às 11:35
Aí vai mais um comentário ao meu poeminho:
adorei a expressão "parar o coração" mas espero que o coração dos meus amigos do meu Minho continue a bater com força suficiente para poderem mimar os amigos minhotos lonje da sua terra.Bjs.


De A. João Soares a 26 de Agosto de 2007 às 16:14
Começo por agradecer a visita ao Do Miradouro. Foi uma visita demorada percorrendo muitas páginas o que se traduziu por comentários em posts já antigos!!! Bem haja por isso.
Este poeminho expressa um fenómeno muito frequente na sociedade. Não se comunica com os amigos, não se trocam mensagens de carinho. Mas, quando se sabe da sua morte, não cessam as manifestações de apreço pela sua pessoa e a sua obra. Vai muito mal esta sociedade que se diz moderna.
Parabéns pela sua capacidade poética e pela sensibilidade pra os reais problemas da vida.
Abraço


Comentar post

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Junho 2022

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
13
14
15
16
17
18

19
20
21
22
23
24
25

27
28
29
30


.tags

. todas as tags

.favorito

. GAZETILHA

. NEVOEIRO

blogs SAPO

.subscrever feeds