Há já algum tempo que o tema "idosos" me acompanha. Como em diversas vezes tive ocasião
de referir, em prosa ou mesmo em verso, a ideia da morte não me atrapalha, especialmente se eu não estiver lá quando ela acontecer como diria Woody Allen com alguma graça. Acabar os meus dias não me incomoda muito. O que me parece é que começa a incomodar terceiros.
Quando vejo o estado económico do país, os gritos por melhores salários, melhores pensões e os idosos a queixarem-se do aumento do custo de vida e da sua incapacidade para custearem os medicamentos e tratamentos necessários, fico apreensiva.
A geração que me segue sente receio pelas suas reformas no futuro, no que até têm razão. As perspectivas não são muito animadoras e isso dá-lhes uma insegurança que não pode trazer senão um certo rancor mesclado de impotência e gerador de possíveis situações embaraçosas.
A Comunicação Social vai dizendo que até 2020 a situação financeira não vai melhorar quanto a a reformas, etc, etc.
A longevidade é agora maior do que há alguns anos atrás; a xenofobia aumenta cada dia mais e, pessimista como sou, já estou a ver daqui a pouco tempo uma xenofobia não apenas com a raça negra ou qualquer outra, mas com a tal dita terceira idade (palavras abomináveis)
Estou a ver os idosos metidos em casa, espreitando pela janela com receio de alguns grupos de jovens empunhando slogans como MORTE AOS IDOSOS, TEMOS DIREITO ÁS NOSSAS REFORMAS, VAMOS A ELES.
É que as coisas não andam nada bem.
Na verdade, conservar as pessoas vivas até mais tarde é uma ideia muito louvável mas, tem também imensos custos.
Para manterem os idosos vivos mais anos há que despender mais dinheiro e dinheiro é coisa que não abunda neste recanto à beira mar plantado.
Hoje, li um extracto de afirmações do ex- Bastonário da Ordem dos Advogados que dizia: "é verdade que não há dinheiro e é verdade que uma população de velhos não justifica escolas, maternidades, centros de saúde e, a bem dizer, nem sequer vale um selo de correio. Que morram longe e poupem pensões" fim de citação.
É claro que ele não diz para matarem os velhinhos mas, pode deixar a ideia no ar.
E mais slogans surgirão : "CADA VEZ MAIS DESEJOSOS DE QUE MORRAM OS IDOSOS ou
ESTAMOS EM GUERRA, VELHINHOS PARA A TERRA ou QUEREMOS AS CONTAS EM DIA, MATEM O PAI, A MÃE E A TIA"
E se esta ideia germina não sei como se irá resolver o problema.
É certo que, paralelamente a esta longevidade já comprovada, também se multiplicaram as Clínicas de rejuvenescimento, os cremes milagrosos, os SPA"s de sucesso.
Porém não se pode continuar a fazer plásticas até ao infinito.
Terá que haver, pelo menos, a elasticidade suficiente na pele para se poder gritar por SOCORRO.
Confesso que não sei dar a receita para isto, apenas sou capaz, ainda, de fazer algum humor que espero seja partilhado.
BRIZÉRRIMA
. NEVOEIRO