Como é triste ver partir os amigos
como dói a palavra "nunca mais"
recordações de momentos conseguidos
mas sabemos, não voltarão jamais
Fica um vazio estranho, sem sentido,
num silêncio que chega a sufocar
um rosto amigo que já está perdido,
um rosto amigo que escapa ao nosso olhar
O momento é triste, deprimente,
nunca se encara a morte de frente
nunca se aceita esta verdade pura
Há que viver a vida, dia a dia,
mesmo que o riso, o gozo, a alegria
não afastem a saudade que perdura
Enfurecido ruge o vento lá fora
endoidado, raivoso, descontente,
bate às portas, berra e vai-se embora
pra regressar depois mais inclemente
Abana os ninhos, leva-lhes os filhos,
alteia as ondas, rendilhando a espuma,
mexe a poeira construindo trilhos
de pedras, de papéis e de caruma
É o grande senhor da tempestade
ergue-se imponente de vaidade
fazendo oscilar o mundo inteiro
Diz que é cantor de várias notas
que a neve e a chuva são suas devotas
e das forças da Natura é o primeiro.
Como está, Sr Contente
Como vai Sr Feliz
Diga à gente, diga à gente
Como vai este País
Este País está doente
E parece não ter cura
Nunca mais anda prá frente
Faz uma triste figura
Entrámos num novo ano
Que não promete ser bom
E o combate mano a mano
Só faz é subir de tom
Cada vez mais desemprego
E o Povo a passar mal
País em desassossego
E o que se faz, afinal?
Qual foi a primeira lei
Plo Governo discutida?
Foi o casamento gay
(muito importante na vida )
Abre-se os olhos de espanto
Com todo este processo
É total o desencanto
Incrível todo este excesso
Anda tudo alucinado
Com a falta de justiça
Mas vai-se cantando o fado
E gritando: Chiça, Chiça!
Um País cheio de sol
Com tanta gente capaz
Mas que faz parte dum rol
Que refila e nada faz
E há sempre aquele optimista
A vender sonhos em vão
Pensando que assim conquista
Um Povo em grande tensão
Eu faço à minha maneira
A minha revolução
Critico e atiro certeira
A quem me faz “comichão”
Criticarei, criticarei,
Até que a voz me doa
O meu fel destilarei
Corrupção não se perdoa
Oh, gente da minha terra!
Oh gente do meu País
Não é preciso uma guerra
Pra sermos povo feliz
Mas pra isso há que lutar
E tem que se erguer a voz
Pois se isto continuar
O que irá ser de nós?
. NEVOEIRO