Tenho a guitarra, o xaile e a minha voz
tenho a noite a tristeza e a saudade
na garganta um som todo feito em nós
ao consolá-los choram à vontade
Na penumbra da sala olhos atentos
aguardam que eu me solte em emoção
traço o xaile, liberto os meus tormentos,
da minha fonte brota uma canção
Silêncio pelas sombras do meu canto
com a voz embargada deste pranto
ardente confissão do meu pecado
E na paixão que sai da minha boca
choram as guitarras e a noite é pouca
para eu cantar os versos do meu fado
Com música da CANTIGA DA RUA:
A Televisão
que é para o povo
forma de evasão
nada trás de novo
programas de chacha
sem qualquer laracha
e com despudor
mais telenovelas
palco de querelas
traição, sexo e dor
O Malato é de fugir
só faz rir
JOGO DUPLO pra perder
está-se a ver
e O MOMENTO DA VERDADE
é uma insanidade
mas sempre alguém quer vencer
AS TARDES DA JÚLIA
são diversificadas
tragédia e lamúria
com almas penadas
e o Herman José
ainda está de pé
com várias canções
já perdeu a graça
mas tenta a laracha
buscando audições
A TERTÚLIA COR DE ROSA
é horrorosa
fofoquices e devassa
que embaraça
e então nos Telejornais
as desgraças são demais
só o que é mau é que passa
GATOS FEDORENTOS
abusam de antena
há poucos momentos
que ouvir vale a pena
E AS MANICURES
das "Nells" são loucuras
que ainda fazem rir
mas tanto exagero
será desespero
em breve a surgir
O disco está repetido
no ouvido
e a crítica acabou
já bastou
ainda há tanto pra dizer
mas quem sou eu para fazer
destas críticas canção
Escárnio e maldizer
a brincar versejo
não é por querer
mas pelo que vejo
Não há pois pachorra
a TV é uma porra
sem um bom programa
mas nada mais digo
pois é um perigo
e ainda alguém me trama
. NEVOEIRO